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Série Melhores trabalhos V Coesa: Monitorização da pressão de Cuff em uma unidade de terapia intensiva em Belém – PA

PREMIAÇÃO EM TEMAS LIVRES

Categoria: Ensino

Área Temática: Outra

Título do Trabalho: MONITORIZAÇÃO DA PRESSÃO DE CUFF EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA EM BELÉM – PA

Autores: Carlos Diego Lisbôa Carneiro1, Brenison Souza de Barros1, Gabriela Quaresma da Rocha1 e Renato da Costa Teixeira1

Instituição: 1Universidade do Estado do Pará (UEPA)

  • Publicado: Quarta, 11 de Janeiro de 2017, 11h05

No dia 11 de novembro de 2016 ocorreu o último dia do V Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), promovido pelo Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Nesta ocasião, foram apresentados os melhores trabalhos na sessão de Temas Livres das categorias de Ensino, Extensão, Pesquisa e Relato de experiência, além de premiações e o encerramento do evento. O trabalhos premiado em terceiro lugar na categoria Ensino foi o intitulado “MONITORIZAÇÃO DA PRESSÃO DE CUFF EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA EM BELÉM – PA”, com autoria de Carlos Diego Lisbôa Carneiro, Brenison Souza de Barros, Gabriela Quaresma da Rocha, acadêmicos de Fiisioterapia do 10º semestre da Universidade do Estado do Pará (UEPA), e orientação do Prof. Doutor Renato da Costa Teixeira.

Trata-se de um estudo analítico, transversal, quantitativo e descritivo realizado na UTI do Hospital Universitário João de Barros Barreto na cidade de Belém (PA) em maio de 2016. A amostra da pesquisa contou com 4 pacientes em uso de ventilação mecânica invasiva, internados na unidade de terapia intensiva do Hospital, com intubação orotraqueal ou traqueostomia, de ambos os sexos, com idade superior ou igual a 30 anos. Para avaliação da pressão de Cuff foi utilizado um cuffômetro artesanal confeccionado no próprio Hospital com o uso de um esfigmomanômetro da marca LANE©, uma torneira de três vias e uma seringa de 5 ml (Figura 1).

Figura 1 - Cuffômetro artesanal elaborado pelos pesquisadores

A cada avaliação o cuffômetro foi esterealizado para ser utilizado novamente. Cada indivíduo era avaliado uma vez por dia. Caso o valor da pressão do balonete encontrado estivesse fora dos limites de normalidade, esta era ajustada para o valor de 30 mmHg. Dos indivíduos avaliados, 1 (25%) era do sexo masculino e 3 (75%) do sexo feminino, com média de idade de 57,5±21,01. Os diagnósticos de admissão variaram entre patologias respiratórias, neurológicas e metabólicas, 50% dos avaliados apresentaram patologias associadas (Figura 2).

Figura 2 - Variáveis sócio-demográficas dos indivíduos

O tempo de internação desses indivíduos na UTI obteve uma média de 11,5±9,77 dias. Constatou-se que em 7 das 9 mensurações realizadas, a pressão do cuff encontrava-se fora dos padrões de normalidade, sendo possível observar valores > 35mmHg em 3 (33,3%), e valores < 25mmHg em 4 (44,4%) dos casos. O indivíduo 3 foi avaliado apenas no primeiro dia, tendo em visto que o mesmo recebeu alta da UTI. Em contrapartida, o indivíduo 4 foi avaliado apenas no segundo e terceiro dias, após sua admissão na unidade. Os resultados das mensurações da pressão do cuff vão de encontro a um estudo, que constatam que ainda há uma falta de conscientização da equipe sobre a importância da monitoração da pressão a cada 12 horas, obtendo valores que variaram de 16 mmHg a 60 mmHg, demonstrando irregularidades tanto abaixo quanto acima dos parâmetros considerados seguros de acordo com a literatura, mas todos foram ajustados para os padrões (1).

Um ponto importante que merece ser destacado refere-se a um dos fatores que podem influenciar na variação da pressão do cuff: a posição do paciente no leito. Neste estudo, observou-se que ao passar dos dias ocorriam alterações da angulação da cabeceira do leito dos pacientes ou os mesmos eram posicionados em decúbitos diferentes, porém não era realizada a mensuração da pressão de cuff após tais mudanças. Foi verificado em um estudo que ocorriam decréscimos significativos na pressão do balonete quando alterava-se a angulação da cabeceira de 30º para 0º ou de 30º para 60º (2).

Apesar dos profissionais do setor saberem da importância da realização de mudanças de decúbito na UTI, os mesmos não realizam a monitorização e, se necessário, o ajuste da pressão do cuff, o que é prejudicial ao paciente. Através da mensuração e comparação da pressão do balonete de 79 indivíduos com o auxílio de um manômetro projetado para tal fim e um manômetro artesanal, constatou-se num estudo, que o uso de manômetros artesanais para mensuração da pressão de cuff não proporcionam mensurações precisas da pressão do balão e por isso não deveriam ser utilizados para tal fim em detrimento aos dispositivos específicos para a realização avaliação (3).

Desta forma, destaca-se a importância de realizar a mensuração da pressão de Cuff com o dispositivo ideal e calibrado adequadamente, a fim de obter mensurações mais precisas e consequentemente, ajustes mais reais, evitando assim as complicações provenienetes de pressões inadequadas do balonete, sejam estas elevadas ou em níveis baixos. O presente estudo conclui que ainda há necessidade do monitoramento da pressão de cuff diariamente a cada 12 horas, seguindo as orientações do Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica.

Os indivíduos internados na unidade de terapia intensiva apresentaram diferentes valores de pressão de Cuff a cada dia de aferição, chamando atenção para o grande risco de complicações associadas à hiperinsuflação hipoinsuflação e devido ao elevado tempo em que o balonete se encontra em contato com a mucosa. Ressalta-se que a equipe multiprofissional deve estar conscientizada quanto aos riscos e benefícios do Cuff para que seja possível uma melhora da manutenção deste parâmetro dentro da UTI, bem como evitar qualquer complicação associada ao uso deste equipamento.

Referências do texto
1. Wanderley, LWB et al. Ajuste das pressões de cuff em pacientes internados na unidade de terapia intensiva no alto sertão paraibano. FIEP BULLETIN - Volume 80 - Special Edition - ARTICLE II - 2010.
2. Godoy, AMF, Vieira, RJ, Capitani, EM. Alteração da pressão intra-cuff do tubo endotraqueal após mudança da posição em pacientes sob ventilação mecânica. J Bras Pneumol. 2008;34(5):294-297.
3. Annoni R, Almeida JAE. Manômetros artesanais não medem com precisão a pressão de balão dos tubos endotraqueais. Rev Bras Ter Intensiva.

Referência

CARNEIRO, C. D. L.; BARROS, B. S.; ROCHA, G. Q.; TEIXEIRA, R. C. Monitorização da pressão de Cuff em uma unidade de terapia intensiva em Belém – PA. In: CONGRESSO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DA AMAZÔNIA, 5., 2016, Belém. Anais ... Belém: Universidade Federal do Pará, 2016, ISSN 2359-084X.

 

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