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Quando a tecnologia é o remédio

Aplicativo auxilia tratamento de pacientes com tuberculose

  • Publicado: Terça, 02 de Julho de 2024, 08h34
#ParaTodosVerem: Arte com fundo branco mostra celular de cor preta que exibe a página inicial e outras abas do aplicativo “Tuberculose MDRR APP”.
#ParaTodosVerem: Arte com fundo branco mostra celular de cor preta que exibe a página inicial e outras abas do aplicativo “Tuberculose MDRR APP”.

Por Isabelly Risuenho| Arte: CMP/Ascom

No Brasil, as inovações tecnológicas são fundamentais para garantir a qualidade do serviço oferecido, de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo. A tecnologia está presente nas campanhas, que reforçam os cuidados com a saúde, nos certificados digitais de vacinação, chegando aos tratamentos de doenças mais graves, como a tuberculose.

Tais inovações visam melhorar a qualidade de vida do ser humano. Exemplo disso é o aplicativo web “Tuberculose MDR App”, voltado para o manejo das queixas clínicas do tratamento farmacológico dos pacientes com tuberculose, desenvolvido pela pesquisadora Raquel Ribeiro de Souza, no Programa de Pós-graduação em Assistência Farmacêutica (PPGAF/ICS), da Universidade Federal do Pará.

A pesquisa que resultou na dissertação Aplicativo Web para manejo de queixas clínicas relacionadas ao tratamento da tuberculose multidrogarresistente foi realizada no Ambulatório de Tuberculose Multidrogarresistente (TB MDR), do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB). A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que afeta, principalmente, os pulmões. Já a TB MDR é um caso mais grave, pois é resistente a pelo menos dois medicamentos usados para o tratamento da doença: a isoniazida e a rifampicina.

Em novembro de 2021, um novo tratamento farmacológico para a tuberculose multidrogarresistente foi instituído no HUJBB. A pesquisadora deu início ao estudo coletando dados de pacientes com diagnóstico de tuberculose multidrogarresistente na fase intensiva do novo tratamento. Eram pacientes de ambos os sexos e com idade igual ou superior a 18 anos. Além de conhecer esse perfil, Raquel Ribeiro de Souza queria registrar as queixas relatadas pelos pacientes para criar a plataforma digital. Foram excluídos do estudo pacientes com diagnóstico de gravidez, portadores de HIV e com cirrose hepática e/ou insuficiência renal.

Ferramenta é destinada aos profissionais da saúde

Com os dados coletados, o aplicativo “Tuberculose MDR App” foi desenvolvido por meio do Microsoft Power App, software que possibilita construir aplicativos sem que seja necessário conhecimento em programação, pois utiliza componentes pré-construídos e configurações definidas.

O aplicativo é um guia destinado a profissionais da saúde e visa o acesso rápido e prático ao manejo adequado e a adesão ao tratamento farmacológico, fomentando a redução do abandono desse tratamento, melhorando a assistência clínica e, consequentemente, auxiliando a cura dos pacientes. Seu conteúdo explica o que é a tuberculose e a classificação da tuberculose multidrogarresistente, como ocorre o tratamento e qual o manejo das reações adversas mais relatadas durante este processo. Também oferece a opção “pesquisar”, na qual o usuário realiza busca por reações adversas ou fármaco.

Após seu desenvolvimento, o dispositivo foi validado por profissionais do Ambulatório Tuberculose Multidrogarresistente e da Farmácia Ambulatorial do HUJBB, que testaram a funcionalidade do aplicativo e responderam o formulário de avaliação com questões referentes à aparência, ao conteúdo e à usabilidade para o manejo da TB MDR.

“As ferramentas tecnológicas podem ser utilizadas para favorecer a redução das queixas clínicas ocasionadas pelo tratamento da tuberculose multidrogarresistente. Por meio delas, é possível que o profissional da saúde utilize o aplicativo para manejar os efeitos adversos dos fármacos e conduzir o tratamento da melhor forma, visando melhorar a adesão do paciente”, avalia Raquel Souza.

Por se tratar de um protótipo, o aplicativo web não está disponível para todos. Atualmente está sendo utilizado e testado pelos profissionais da saúde do Ambulatório de Tuberculose Multirresistente e na Farmácia Ambulatorial do HUJBB. Mas, a pesquisadora tem interesse em dar continuidade ao estudo e aprimorar o App.

“A tuberculose é uma doença negligenciada. O Brasil está entre os 30 países com maior índice de transmissão da doença e é considerado prioritário pelas Organização Mundial de Saúde (OMS) para contenção da doença no mundo, por isso meu interesse em dar continuidade à pesquisa, pois com a adesão ao tratamento é possível alcançar a cura e evitar a disseminação da forma resistente da doença”, afirma a pesquisadora.

A transmissão acontece por via respiratória, pelo contato de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), sem tratamento. O tratamento é oferecido de forma gratuita pelo SUS e deve ser realizado durante um período mínimo de seis meses com a utilização de quatro medicamentos: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Com o início do tratamento, a transmissão tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias, o risco de transmissão da doença é bastante reduzido.

SAIBA MAIS

Apesar de ser uma enfermidade conhecida há muitos anos, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública em todo o mundo, atingindo cerca de 10 milhões de pessoas a cada ano e sendo responsável por mais de um milhão de óbitos anuais. No Brasil, os dados indicam cerca de 70 mil casos novos e 4,5 mil mortes a cada ano. De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sintomas são: tosse por 3 semanas ou mais; febre vespertina; sudorese noturna e emagrecimento.

Sobre a pesquisa: A dissertação Aplicativo Web para manejo de queixas clínicas relacionadas ao tratamento da tuberculose multidrogarresistente foi defendida por Raquel Ribeiro de Souza, em 2023, no Programa de Pós-graduação em Assistência Farmacêutica (PPGAF/ICS), da Universidade Federal do Pará. CVLattes: http://lattes.cnpq.br/4840473741037808 Orientação: prof. Carlos Augusto Abreu Albério.

 

Publicado no Jornal Beira do Rio edição 170 em 10/05/2024.

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